"Na penetrante reconstrução fornecida por este livro, a irredutibilidade do próprio e do estrangeiro ao plano comum do conceito, à comunidade cultural ou à religião totalizante forma o elemento que unifica as filosofias de Husserl e Levinas. Esta impossibilidade de conjugar o si e o outro no interior de uma totalidade sistemática torna-se, no texto de Levinas, como escreve Fabri, a precondição de uma 'saída ética de si mesmo'. A busca do 'sentido ético da não-coincidência entre o próprio e o estrangeiro' consiste, então, na 'razão de ser da filosofia de Levinas'. Com efeito, mesmo quando esta última abandona e ultrapassa a fenomenologia husserliana, continua a pressupor as suas categorias. Mas, sobretudo, como se lerá repetidamente nas páginas seguintes, é o núcleo da reflexão levinasiana sobre o fênomeno da cultura que mostra a persistente proximidade entre o filósofo francês e Husserl".