Quando os portugueses chegaram ao Brasil, foram recebidos por habitantes saudáveis e hospitaleiros. E imediatamente deixaram entre nós doenças europeias que a terra sem males desconhecia. Por essa razão é que os autores deste livro, iniciativa cultural do SindBancários, prestam homenagem aos nossos índios, de cuja farmacopeia o dito mundo civilizado até hoje se serve amplamente. Ou alguém ignora que a aspirina, talvez o medicamento de maior consumo em todo o planeta, foi sintetizada da casca do salso, produto que as índias sempre usara para baixar a febre de suas crianças? E quê essas brasileiras já conheciam plantas anticoncepcionais e abortivas, fazendo por iniciativa própria o controle populacional? Quinhentos anos depois da chegada dos ditos civilizados ao nosso país, a saúde é apontada, em todas as pesquisas, como o ponto mais frágil entre os que nos afetam. Muito mais do que as terríveis deficiências no campo da educação e da segurança pública. E quem mais sofre com isso é o trabalhador brasileiro. Submetido impunemente a pressões absurdas e a critérios de substituição da mão de obra semelhantes à troca de peças quebradas de uma máquina. Dizem que quem conta um conto aumenta um ponto. Não é o caso deste livro. Para contar um pouco sobre a saúde do trabalhador brasileiro, meus dez alunos escritores apenas fotografaram com palavras algumas cenas do dia a dia do nosso povo, em especial o que vive do seu trabalho. E o resultado é oferecido nos dois idiomas mais falados na América Latina. Exatamente porque, como nos ensinou Galeano, nossas veias continuam abertas e vertendo sangue.