Quem nunca sentiu, pelo menos uma vez, aquela estranha sensação de ser personagem da própria vida? Quem nunca se perguntou qual é o seu papel nesse teatro? Talvez o protagonista de \u201cVerde Amarelo Vermelho\u201d não seja de fato um personagem. Talvez ele seja o leitor de nossa história (o leitor, aliás, sempre me pareceu um tipo estranho de personagem). Talvez sejamos nós os atores. Ele nos mostra o quanto somos fictícios. O que não significa que vivamos de mentira, mas que atuamos sempre nesse espetáculo que é a realidade. Somos o Maurício interpretando nossa novela cotidiana. Mas, simples como ele, nem percebemos que, no nosso drama, somos sempre \u2013 e por direito \u2013 o personagem principal. O livro, assim, nos mostra o quanto o ordinário pode morar no comum. Maurício é ordinário também no sentido popular da palavra, um cafajeste, mas apenas porque deseja muito \u2013 e ao mesmo tempo \u2013 Marias e Clarices e Claras e Patrícias e Vanessas.