O mais árcade dos poetas que viveram em Vila Rica no século XVIII, o mais culto do grupo, o mais correto na metrificação e na linguagem, e talvez "o mais profundamente preso às emoções e valores da terra" (Antonio Candido), Cláudio Manuel da Costa deixou uma obra variada, composta de sonetos, cantatas, éclogas, epístolas, cançonetas, além do poema épico Vila Rica e de O Parnaso Obsequioso. Alguns historiadores acreditam que tenha colaborado nas Cartas Chilenas, mas neste aspecto tudo são hipóteses.Natural de Mariana (MG), o poeta cursou a Universidade de Coimbra, sendo dessa época os seus primeiros trabalhos, não incluídos nas Obras (1768). Concluído o curso, retornou ao Brasil, fixando-se em Vila Rica, adotou o nome de Glauceste Satúrnio, como era de praxe no arcadismo, advogou, acabou se envolvendo na Inconfidência Mineira. Preso, suicidou-se (ou foi assassinado) na Casa dos Contos, onde se achava detido.Na poesia de Cláudio Manuel da Costa predomina a melancolia e um certo sentimento de desencanto, acirrados pelo contraste entre a vida da metrópole e o ambiente rude das Minas Gerais. O poeta de tudo extrai tristeza, da fugacidade das coisas à ausência da amada, como se na vida não houvessem momentos felizes. É um sensitivo, como confessa em versos admiráveis, comparando as montanhas rochosas de sua terra ao seu coração: "Destes penhascos fez a natureza/ o berço em que nasci: oh quem cuidara/ que entre penhas tão duras se criara/ uma alma terna, um peito sem dureza!".Alguns críticos apontam uma certa frieza em seus versos, mas esta decorreria da disciplina formal, que disfarça um veio subterrâneo palpitante de emoção, sobretudo nos sonetos, do qual foi emérito cultor, dos maiores da língua, e que constituem a parte mais significativa de sua obra.