"Trabalho docente sob fogo cruzado" traduz, não sem embates como o processo de mercantilização da educação penetrou na escola pública, organizou e regulou o trabalho docente sob os critérios da gerência da mercadoria força de trabalho do setor privado. A tese alardeada desde a década de 1990 é a de que a escola pública não responde às demandas do tempo presente porque a formação docente é impregnada de teorias sociais, culturais, econômicas e políticas desnecessárias. O que caberia aos cursos de formação era ensinar aos futuros docentes as regras do bem ensinar. Trata-se de formar entregadores do conhecimento, produzido por institutos privados ou por parcerias público privadas. Um processo, portanto, que visa transformar o trabalho complexo do processo pedagógico em um trabalho simples, comandado desde fora da escola por institutos privados ou parcerias público-privadas. Trata-se de um processo, como mostram os textos da coletânea, que atinge frontalmente a autonomia docente, a profissão e os saberes docentes, anulando conquistas da categoria, especialmente nas últimas décadas. Ao expor os mecanismos que buscam liquidar e anular a função docente, a coletânea não quer trazer uma mensagem fatalista de que tudo está perdido e de que os adversários e os diversos inimigos da escola pública e dos direitos universais nos derrotaram por completo.