Num certo momento de 2018, numa das suas estadas para lecionar cursos intensivos na Universidade de Coimbra, e em particular no seu Instituto de Estudos Brasileiros, Paulo Franchetti solicitou a minha ajuda para tentar extrair de um conjunto de textos seus de há alguns anos um ou mais livros. Lidos os textos, não me pareceu, contudo, difícil extrair deles o livro que rapidamente ganhou a forma que viria a ser a deste, tal a coerência e coesão de pensamento que anima a escrita de Franchetti sobre a poesia brasileira contemporânea. Dos dois títulos que propus, a escolha acabou por recair, com alguma naturalidade, sobre Crise em Crise, ainda que o subtítulo decida pela modéstia e informalismo de uma contribuição que está longe de se resumir a umas notas, já que o que aqui está em pauta é de fato uma operação sistemática, histórica e teoricamente informada, de desmonte da doxa poética e poetológica brasileira posterior ao Concretismo [Osvaldo M. Silvestre].