A ebulição que fervilha a vida sindical brasileira provém basicamente do anacronismo do sistema. A perda de identidade e credibilidade das entidades gerou uma mortal inadimplência que já ultrapassa níveis inimagináveis. As fartas contribuições de ontem deram azo a uma inestancável hemorragia de hoje. Exangue, os sindicatos agonizam ante a percepção de cada vez menos minguados recursos. O Estado, insensível, dormita em sua inexorável inércia, alheio ao que não lhe interessa priorizar. Mera e conhecida rotina de quem cultua e professa a sobeja política de acolhimento e contemplação do casuísmo que gera prontas benesses a alguns em detrimento da causa pública. Acresça-se a pecaminosa acomodação de significativa parte dos sindicalistas e a visão equivocada dos contribuintes que, ainda que de maneira compreensiva, todavia de forma equivocada, limitam-se a fechar a torneira dos recursos e dar as costas aos seus sindicatos, imaginando ser esta a melhor solução. Enquanto arde essa fogueira, alimentada pela vaidade de alguns e os interesses menores de todos os envolvidos no contexto, o sexagenário modelo sindical definha. Esse conjunto é despido e colocado a nu por este livro com absoluta transparência, da mesma forma que, com absoluta intrepidez, põe o dedo em várias feridas, doa a quem doer.