Em Imparcialidade e diversidade de gênero nos tribunais, trabalho apresentado originariamente como Tese de Doutorado ao Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC-Rio, Marina França nos presenteia com um texto que é uma denúncia contra a desigualdade de gênero que conforma as estruturas superiores do Judiciário em nosso país. Marina, com originalidade e autonomia, desvenda os valores, os preconceitos, os silêncios que conformam os discursos que, ao fim e ao cabo, explicam o afastamento das juízas do topo do Judiciário brasileiro. A análise revela discursos com viés de gênero e argumentos misóginos, discriminatórios, machistas, deselegantes, constrangedores. Por vezes, até mesmo grotescos. A diversidade de gênero nas esferas superiores do Judiciário fortalece o postulado da imparcialidade, na medida em que espelha a real composição da sociedade. Quanto mais aberta à diversidade de gênero, mais a magistratura acolherá visões de mundo historicamente segregadas na esfera pública. Marina França não nos presenteou apenas com um sofisticado trabalho teórico sobre a não presença das mulheres nos tribunais superiores. Mais do que um livro que bem nos conduz pelos meandros das teorias feministas contemporâneas, o que temos nas mãos é também um instrumento da luta contra as vozes e as práticas opressoras que pretendem manter as mulheres no lugar da subalternidade.