Este livro é uma constatação de que as temáticas ligadas ao Estado, ao desenvolvimento, aos territórios e ao meio ambiente crescem em interesse e importância no nosso país, especialmente quando tratadas de forma articulada e multidisciplinar. O Brasil vive, desde os anos oitenta do século passado, uma democracia que se fortalece e a Constituição Brasileira de 1988, a constituição cidadã, marca um momento importante de descentralização de poderes e recursos da União para estados e municípios. Iniciou-se uma fase de fortalecimento do federalismo brasileiro à medida em que as políticas públicas, sobretudo as de educação e saúde, passam a ser implementadas em parceria e cooperação entre os entes federados. Estados e municípios transitam assim para uma situação de maior autonomia relativa na utilização do recursos e na decisão de como utilizá-los. Historicamente, esse também é o momento no qual, no âmbito da teoria econômica, ganha relevância a teoria do crescimento endógeno, a qual propõe a conciliação dos níveis macro e microeconômicos, lançando mão das externalidades. No nível macro, alarga-se a função de produção, antes definida pelo capital e força de trabalho, e que agora passa a incluir o capital humano, a formação, a informação e o conhecimento. Multiplicam-se então os estudos e propostas de políticas voltadas para o local. Ironicamente, também naquele momento o paradigma neo-liberal, centrado no estado mínimo, na desregulamentação/flexibilização dos mercados, incluindo o mercado de trabalho, é transplantado institucionalmente, atingindo a América Latina e portanto, os nossos países ainda subdesenvolvidos. Neste quadro, o interesse era estabelecer a relação entre o local e o global, identificando territórios competitivos e passíveis de inserção na globalização. Deliberadamente este livro não cai nesta armadilha. Alguns artigos destacam as potencialidades do local quando as forças endógenas podem e devem ser acionadas para promover o desenvolvimento, a organização de trabalhadores, e a proteção ao meio ambiente. Ao mesmo tempo reconhece que essa problemática exige uma análise em diferentes escalas territoriais e exige também a ação efetiva do Estado na definição de políticas públicas quer macroeconômicas, setoriais e/ou regionais. O livro também resgata pontos do debate estruturalista sobre o desenvolvimento, propondo novas abordagens desta questão, superando as visões limitadas centradas no crescimento econômico, dando conta, portanto do desafio colocado para o nosso país de promover um desenvolvimento econômico e social, respeitando o meio ambiente e promovendo a melhoria das condições de vida de sua população.