Neste livro, Henrique Garbellini Carnio centra suas análises sobre um tema surpreendente, cuja fecundidade, no entanto, mal pode ser exagerada. Em primeiro lugar, faz justiça a Nietzsche como pensador para o qual os problemas do direito e da justiça são tão relevantes quanto a crítica da religião e da moral. Em seguida, elege o autor da Teoria Pura do Direito como um interlocutor virtual das posições teóricas de Para a Genealogia da Moral. A ousadia do empreendimento não é pequena, mas a magnitude dos resultados justifica e compensa generosamente os riscos assumidos, no melhor gênero e estilo da genialidade dos dois pensadores. Do Prefácio de Oswaldo Giacoia Junior. O autor sugere, assim, que tanto Nietzsche quanto Kelsen acabam por demonstrar como os conceitos morais, jurídicos e religiosos se confundem e se interpenetram em um processo de surgimento do Estado e de civilização do homem. Processo extremamente violento, impossível de confundir-se com um contrato. Acaba, então, por constatar que um dos principais objetivos do seu trabalho seria instigar um novo posicionamento ante o direito como forma de regrar a conduta humana possibilitando o convívio em sociedade. Como construção humana por meio da linguagem, de caráter ficcional, o direito compreenderia em si possibilidades de novas criações, amoldando-se às necessidades humanas, podendo expressar-se como excessivamente domesticador como vem acontecendo desde o primitivo - , mas havendo também a possibilidade de ser trabalhado diferentemente. Da Apresentação de Tercio Sampaio Ferraz Jr.