No Dia Que Samira Chegou, eu senti como se tivesse perdido todas as palavras. Então, tentei procurá-las por todos os cantos para ver se as encontrava. Assim, eu poderia apagar as suas lágrimas, como também o seu profundo silêncio. No Dia Que Samira Chegou, meu pai me disse que, provavelmente, minha amiga não tinha perdido suas palavras, mas que talvez não quisesse trazê-las por serem tão diferentes das que temos por aqui: No Marrocos ele disse suas palavras também não teriam o menor sentido. Foi assim que eu descobri que no país de Samira eles falam um idioma diferente do nosso: o árabe. Um dia, Samira e eu viajaremos, de barco, ou de tapete voador, ao país das palmeiras, camelos e desertos. A caminho da África, iremos procurando palavras para ver se, juntas, conseguimos juntar todas as que fazem soltar risos, vozes, cabelos e amizades. Nesse dia, Samira e eu apagaremos a palavra FRONTEIRA.