Sob as epígrafes de Maiakovski, Baudelaire e Burroughs, e dividido em duas partes Sacrílegos e Sacripantas depreende-se claramente a visão do autor a respeito da finalidade poética. Primeiro, cortar o cordão umbilical que ata o destino dos homens aos deuses, para que no umbigo humano possa nascer outro divino, assim restaurando a poesia enquanto religião primeira da humanidade. Segundo, romper as amarras das hipocrisias burguesas, das demagogias e dos absurdos de um capitalismo caquético e excludente. A obra enfoca justamente a iluminação da voz dos insurgentes, sejam aqueles contrários à manipulação espiritual, sejam à política. Mas seus méritos não se limitam ao registro visceral ou à relevância temática, pois a forma é tão subversiva quanto seu conteúdo. A intensa oralidade de sua poesia advém da criação de um páthos, terreno fértil para a semeadura das palavras que alvejam o empoderamento ontológico do leitor, que passa a ressignificar por si o mundo. Ao virar essas páginas, (...)