A proposta de organização escolar em ciclos, tomada aqui como objeto de estudo, tem sido bastante debatida nos últimos tempos. Claudia Fernandes apresenta nesse livro algumas implicações pedagógicas que a adoção dos ciclos, pelas escolas, traz. O livro não pretende apresentar as diferenças entre ciclos de formação ou ciclos de aprendizagem, mas discute as tentativas de se repensar a escola em sua concepção e em seus modos de organização, tanto do ponto de vista das práticas quanto do ponto de vista da organização do trabalho docente, como das políticas que implementam e alicerçam tais mudanças. Trata-se de um debate acerca da (re)significação da escola. A implementação dos ciclos em diferentes redes de ensino no Brasil, com diferentes formas de concretização, ao longo das duas últimas décadas, caracteriza-se por uma tentativa da escola brasileira de superar o fracasso escolar, entendido aqui como altos índices de repetência e evasão e, principalmente, o baixo desempenho dos estudantes. A complexidade dos processos educacionais torna o debate necessário. O livro apresenta a tese de que a escola em ciclos é conflituosa, por abrigar diferentes lógicas de concepções e de funcionamento; é inquieta, pois impulsiona os profissionais da educação à desestabilização de uma ordem já estabelecida há séculos; e, por fim, transitória, porque estamos sendo protagonistas da construção de outras bases teóricas para a escola nesse começo de século XXI.