No prefácio a este impressionante Pró ou contra a bomba atômica, da escritora italiana Elsa Morante, o pesquisador e tradutor Davi Pessoa chama a atenção para o quanto essa reunião de textos-ensaios se cumpre, politicamente, a partir de um emaranhado em potência contra um sistema da desintegração. Elsa é um caso singular entre ação livre e invenção severa de escrita e pensamento, porque imagina mundos que ainda podem advir da literatura exatamente quando a projeta como forja e mistério. Tal como diz Giorgio Agamben ao sugerir que para ela, na literatura, a vida se apresenta misteriosamente. É o que se infere, por exemplo, em seus livros L’Isola di Arturo [1957] ou La Storia [1974], que podem ser lidos como uma espécie de estocada em torno da desumanização [que não é tratada como um tema nem com doses sentimentais próprias do que impera midiaticamente ao nosso redor], mas quando a felicidade, este tema sério e a sério, acontece como uma paródia e como um limbo.No prefácio a este impressionante Pró ou contra a bomba atômica, da escritora italiana Elsa Morante, o pesquisador e tradutor Davi Pessoa chama a atenção para o quanto essa reunião de textos-ensaios se cumpre, politicamente, a partir de um emaranhado em potência contra um sistema da desintegração. Elsa é um caso singular entre ação livre e invenção severa de escrita e pensamento, porque imagina mundos que ainda podem advir da literatura exatamente quando a projeta como forja e mistério. Tal como diz Giorgio Agamben ao sugerir que para ela, na literatura, a vida se apresenta misteriosamente. É o que se infere, por exemplo, em seus livros L'Isola di Arturo [1957] ou La Storia [1974], que podem ser lidos como uma espécie de estocada em torno da desumanização [que não é tratada como um tema nem com doses sentimentais próprias do que impera midiaticamente ao nosso redor], mas quando a felicidade, este tema sério e a sério, acontece como uma paródia e como um limbo. (...) E vale muito o esforço expandido, também político para publicar este livro no Brasil diante de tantas afirmativas óbvias que o recusaram. Ao lê-lo, com vagar e a fundo, entende-se bem alguns motivos. Um deles é que onde prolifera pensamento não brota o "romancezinho" ou o "criticozinho". Agora temos finalmente circulando entre nós este livro urgente. - Manoel Ricardo de Lima