O autor supera o reducionismo com que Paulo geralmente é tratado, identificando continuidades importantes entre o apóstolo e o judaísmo do primeiro século. Sandes propõe na obra uma reavaliação do pensamento paulino, especialmente através das Epístolas aos Gálatas e aos Romanos, de forma que seja possível perceber nestes escritos e no legado de Paulo mais do que simples oposições e refutações à Lei. O apóstolo dos gentios desvelado pela coerente e arguta pesquisa de Sandes torna-se mais do que mensageiro aos não-judeus, mais do que opositor dos judaísmos do seu tempo. Sandes demonstrou ser possível encontrar nos textos paulinos testemunhos feitos pelo apóstolo da sua própria identidade e esperança como judeu obediente à Lei. O autor propõe retirar o véu posto sobre Paulo por leitores e leituras anti-semitas, para fazer emergir o apóstolo judeu-cristão, proclamador do Messias enviado para judeus e gentios segundo as promessas do Antigo Testamento. Esse reexame de Paulo é fundamental não apenas para as possibilidades de um diálogo mais estreito entre judeus e cristãos: abre a possibilidade para o estudo mais coerente das relações entre o judaísmo e o cristianismo desde os primórdios da proclamação da Igreja.