Por que ler Borges é uma questão que não tem sua melhor resposta na vida do escritor argentino - pois ele não teve exatamente uma existência cheia de acontecimentos. Porque a passou, de fato, em meio à escuridão da cegueira e ao silêncio das bibliotecas. Daí a exuberância, não compensatória, mas proporcional (mesmo se inversamente), de sua obra. Dizer que ela é labiríntica é repetir um clichê. Talvez valha a pena, então, ressaltar outros de seus múltiplos aspectos: a clareza da construção das frases, a brevidade, o humor, a mistura de erudição e fantasia, de poesia antiga e literatura policial - que criam, em suma, o nome mais fantástico da literatura hispano-americana moderna.