Primeiro volume de um novo ensaio do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia de Coimbra, onde é professor catedrático, e da "Revista Crítica de Ciências Sociais". É ainda professor visitante em várias universidades espalhadas um pouco por todo o mundo, de Inglaterra aos Estados Unidos, ao Brasil ou à Colômbia. O seu último livro, "Pela Mão de Alice", recebeu o Prémio de Ensaio do Pen Club. Em "A Crítica da Razão Indolente. Contra o Desperdício da Experiência. Para um Novo Senso Comum: a Ciência, o Direito e a Política na Transição Paradigmática" (é este o título completo do primeiro de uma série de quatro volumes a publicar até 2001), Boaventura Sousa Santos traça os parâmetros da transição paradigmática, ou seja, as normas pelas quais se regem as sociedades modernas do Ocidente (científicas, políticas, económicas, sociais) já estão gastas e há outras que emergem. Falando sobre o livro (que teve uma primeira versão publicada nos Estados Unidos, mas que BSS agora ampliou para a edição portuguesa) em recente entrevista ao JL, o sociólogo avançava que "neste período de transição de paradigmas vai haver duas grandes lutas: por uma mais democrática distribuição da riqueza mundial e pela aceitação da diferença, ou do que chamo multiculturalismo progressista". Alerta para os perigos de um "sistema que não é assente na economia real mas na especulação financeira", ideia que, como diz, é defendida pelos nada suspeitos economistas de Harvard, para "um fascismo social" que se instala, onde uns, poucos, têm tudo, da internet aos telefones, quando "metade da humanidade nunca fez uma chamada telefónica, nem nunca vai poder fazer.