A investigação histórica, da qual o presente livro é um dos resultados, foi realizada entre os anos de 2003 e 2007. Sua intenção inicial era mapear e analisar as representações produzidas sobre a África e os africanos no imaginário social, nos discursos científicos e nos manuais escolares de História em Portugal nas últimas décadas. A partir de um contexto que deveria espelhar pensamentos e práticas pós-coloniais, víamos que uma parte dos portugueses estava presa às raízes vigorosas que os conectavam aos tempos e memórias coloniais e às práticas e ideias racistas e intolerantes. Os cenários descritos e analisados nesta obra acabaram por revelar um quadro de representações marcado pelos estereótipos e pela força da colonização das mentes, do colonialismo histórico e do racismo estrutural. O mais inquietante foi comprovar que essas imagens não ficaram restritas às visões sobre a África veiculadas na comunicação social, por exemplo. As narrativas históricas apresentadas em dezenas de manuais escolares do 3º ciclo do Ensino básico, entre 1990 e 2005, também refletiam e alimentavam as representações e os discursos negativos e estereotipados. O quadro encontrado exige de historiadores, educadores e da sociedade portuguesa uma profunda revisão dos seus textos escolares e de suas leituras sobre aquele continente e suas histórias.