Em meio aos destroços europeus da Segunda Guerra Mundial, Ernst Curtius construiu esta grande obra de recuperação humanística. Publicado em 1948, o livro logo se transformou num clássico dos estudos literários, com suas análises centradas na literatura medieval - mas recuando a Homero e estendendo-se até Goethe - que são exemplos de uma erudição excepcional, além de terem difundido a idéia de uma continuidade entre as heranças culturais greco-romanas e renascentistas. Examinando, ao longo de vários séculos de produção literária, a ocorrência de "topoi" como o do mundo às avessas ou o da deusa natura; metáforas náuticas, de alimentos e de partes do corpo; motivos como o do heroísmo, da paisagem ideal, do livro como símbolo ou da literatura como educação, entre muitos outros temas, Curtius constitui, nas palavras de Segismundo Spina, "a defesa mais penetrante, mais séria e mais fundamentada que se fez até hoje da Filologia".