A experiência de sua autora na área da história é a primeira revelação que sua leitura pode nos trazer. Um texto que não cai no clichê de muitos encontrados no âmbito jurídico que tratam a história de maneira descuidada e perfunctória, como se uma retomada no tempo de algo, que sequer faz sentido em outros tempos, revelasse grandes questões para o direito. Aqui o texto flui por meio de apontamentos históricos cuidadosos que servem para situar e conduzir o leitor para o cenário do constitucionalismo contemporâneo e suas reverberações em nosso país. A segunda revelação é o próprio tema: estado de coisas inconstitucional. Um tema polêmico que divide a doutrina e que possui originalidade e particularidade na América Latina. A autora ao desenvolver um pontual panorama sobre o estado de coisas inconstitucional na Colômbia, Peru, Argentina e Brasil fornece uma nova contribuição - quer o leitor se situe a favor ou contra sua proposta - que pode contribuir com o desenvolvimento dos estudos sobre este delicado assunto. Pelo o que se nota, o livro tem uma miríade de reflexões profundas e prontas para serem mais aprofundadas. É um livro de provocação ao pensamento, as perguntas que ele coloca são mais significativas dos que as tentativas de resposta que elabora e, talvez, seja essa sua maior potência. (Trecho do Prefácio)