Sua escrita faz arder verdades que não podem ser sequer sussurradas. Retira a pompa e circunstância da podridão de fachada e dos jogos mortais que o direito apresenta. A moral vedete, a mulher honesta e o sujeito cumpridor de suas obrigações que se autocapa, podem ficar ruborizados, embora normalmente fiquem com ódio de quem aponta o furo na lei dos desejos. Joga com o que há de mais sombrio no sujeito, na imensidão de sua imundície maquiada de moralismo, projetado, com ódio e volúpia, no bode expiatório da vez, para usar a expressão de René Girard. Paulo se nega a ocupar o lugar do idêntico que consome. Busca se fascinar, nos desvarios de um tipo de amor que a sociedade do consumo nega a proporcionar. É, assim, fora de seu tempo, como são os visionários.