algumas Poesias (ou seriam as Pessoas?) demoram a se abrir ao leitor. regra número um: o leitor de Poesia há de ser paciente, há de voltar ao Livro com devoção, vulnerável ao Mistério, até que em um par de horas, comum como outro qualquer aquelas palavras se abrem inexplicavelmente e te convidam para uma dança, é o caso deste Livro. Aqui, a Poesia é uma boca sem dentes, mucosa de pântano, escura, úmida, impossível de se desvencilhar. entramos em contato com as camadas existenciais da palavra através das Sombras e de repente o Poema é o apátrida que caminha ao nosso lado desfocado e no entanto íntimo. a luz do abismo é um Livro de contrastes, a ruína do que outrora foi regresso. carrega as particularidades da (de)composição onde há humanos? são todos uns irreconhecíveis. não sem ironia caminhamos pelos Poemas, não sem humor ou lirismo na fresta, a teimosia de um mamão no muro algo de Brecht que grita a tua indignação (...)