Quando, em março de 2011, uma criança de Daraa, na Síria, escreveu no muro da escola "Abaixo o regime" e, sem saber, acabou deflagrando a guerra civil no país, Abud Said era um ferreiro que vivia na província de Alepo, em uma pequena casa, com a mãe e muitos irmãos. O Facebook era sua janela para o mundo, e foi ali que ele resolveu começar a sua "revolução pessoal", postando quase diariamente textos poéticos, críticos e provocativos, que chamaram a atenção de escritores e intelectuais no mundo inteiro e acabaram sendo publicados como e-book na Alemanha, onde ele vive hoje como asilado político. A literatura produzida na internet e nas mídias sociais é cada vez mais frequente. Em Said, porém, mais do que um simples meio, o Facebook é um tema recorrente em seus textos, que falam também da guerra, do amor, da solidão e da injustiça. Mas não esperem encontrar aqui um escritor idealista, politicamente correto, um herói literário. Abud Said está mais para anti-herói, uma espécie de pícaro contemporâneo do mundo virtual, que não poupa nada nem ninguém, mas que, a par de toda sua rebeldia e sarcasmo, possui um lirismo que lembra às vezes um Apollinaire, um Ferlinghetti ou mesmo um Carlos Drummond de Andrade. Poesia de amor e guerra, O cara mais esperto do Facebook é, enfim, um daqueles casos raros em que, graças a um acúmulo de potências literárias, a expressão lírica, local e individual, ganha poder de fogo coletivo e universal.Abud Said era um ferreiro que vivia numa pequena cidade no norte da Siria quando estourou a guerra civil em seu pais. Munido de seu laptop e muito talento, ele decidiu comecar a sua revolucao pessoal no Facebook. Seus textos poeticos, criticos e provocativos chamaram a atencao e acabaram sendo publicados na Alemanha, onde ele vive hoje como asilado politico. Publicado em ingles, alemao e espanhol, O cara mais esperto do Facebook chega agora ao portugues em traducao direta do arabe.