Nos poemas desta antologia, por um lado, a ruína é apresentada em sua multiplicidade. O tempo, a espera, o enigma, o continente, o rito, o mar, um idioma, a casa, um amigo, um rosto, os cabelos, a noite, os lençóis brancos, o silêncio, os pais, a palmeira, o pássaro, as asas, o sono, o amor, os pescadores, a cidade, a guia de exu, os anjos, a melhor amiga, o caderno, a Terra sem mal tanto do nosso desejo, enfim, é sequestrado para ser desfeito. Por outro lado, é nessa fatal realidade que, como afirma Jussara Santos, todos os dias melancolicamente acontecemos. Ou, para nos contrapormos à destruição e, simultaneamente ultrapassá-la, entrevemos nos mesmos poemas o que pode vir a ser o Espírito desse Tempo: aquele que nos permite antever uma vida com sentidos profundos, embora tudo ainda esteja assolado por um sol escuro. (Edimilson de Almeida Pereira).