Fugu é o modo como chamam no Japão o baiacu - peixe capaz de inflar feito um balão e possuidor de um veneno letal. Iguaria rara por aquelas bandas, tal peixe só pode ser preparado por cozinheiros experientes que saibam retirar-lhe o veneno, deixando apenas um tiquinho capaz de inebriar os sentidos sem matar. Uma perfeita mistura de sabedoria e confiança, no preparo e na degustação. Segundo Fugu, a autora, em "mar onde vivem fugus não se criam iniciantes". Por isso mesmo, a protagonista de Duas bocas, prestes a completar cinquenta anos, apelida seu amante, também de meia idade, com o nome oriental do peixe e também é chamada assim por ele. Fugu, a personagem, descobre no amor maduro um corpo novo, dotado de sentidos complexos, com mais tesão, mais olfato, mais tato e mais paladar. Sentidos que serão explorados através de experimentos culinários e sexuais, em anotações de cama e mesa onde slow food encontra-se com slow sex e confort food com confort sex. Literalmente uma delícia de livro.