Passados mais de dez anos da realização da Conferência de Durban (2001) e da primeira experiência de política de cotas para estudantes negros em uma universidade pública brasileira, a política de ação afirmativa para a população negra tem sua legitimidade reconhecida pelo Estado e por amplos setores da sociedade civil. Nesse curto período, criou-se um campo de disputa cujo o foco era a legitimidade ou não dessas políticas. Disputa que teve um desfecho favorável às organizações do movimento negro quando, em abril de 2012, os ministros do Supremo Tribunal Federal votaram, por unanimidade, pela constitucionalidade das ações afirmativas. Não é possível compreender os rumos que esse debate tomou sem um olhar retrospectivo sobre o passado, para a forma como as organizações da sociedade civil e o Estado lidavam com a questão racial no Brasil, o que implica nas respostas e tratamento dado ao tema das desigualdades, preconceitos, discriminações e subordinações com base na raça. Esse livro foi produzido com a preocupação de compreender o presente a partir de seus vínculos com o passado e no intuito de contribuir para a análise do tema da questão racial no Brasil em uma perspectiva política. Traz como proposta a reconstrução da trajetória política dessa problemática no Partido dos Trabalhadores, trilhada pelos caminhos da raça, classe e cidadania. Temas constitutivos tanto do universo político do movimento social negro como do PT. O livro tem como objeto a intersecção entre esses dois campos: o movimento social negro e o Partido dos Trabalhadores, tendo em vista os encontros e desencontros entre eles no processo de politização da questão racial no Brasil contemporâneo.