Desde o título, a ficção de Daniel Françoli Yago se propõe a reverter os equívocos do mundo. Em seus contos o Titanic deve emergir de volta à superfície do oceano, que afinal é o seu lugar, e Moby Dick deve estar no céu, voando. E por que não resolver os dilemas da modernidade já no princípio de tudo, deixando que Eva e Lilith se unam para evitar dores e descaminhos futuros na trajetória do homem? Bem, talvez esse substantivo não seja mais útil no universo descortinado em A Ascensão do Titanic: o universo do paradoxo. E talvez o Homem Original não passasse de um xerox desvanecido a ser descartado. A estreia de Yago é marcada pelo arrebatamento da imaginação hiperreferencial e sinestésica, com acenos efusivos à cultura pop e literária, em narrativas nas quais o comum se depara com o bizarro: castelos europeus no litoral brasileiro, wünderkammers em escala humana e seitas secretas de adoradores de buracos negros assombram estas páginas. Os personagens de A Ascensão do Titanic (...)