Edição comentada & tradução direta do grego por Trupersa (Trupe de tradução e encenação de teatro antigo). Direção de tradução por Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa. Pobre Hécuba! Não houve mãe grega ou troiana que tenha sofrido mais que a rainha de Troia! Um a um de seus rebentos, Hécuba perdeu para a guerra infame, realizada em nome de uma mulher que o foi de mais de um homem, como ressoou no coro esquiliano (Ag. 63-64). A tradição deu-lhe entre quatorze e dezenove filhos. Eurípides ampliou a prole para cinquenta filhos, o que a tornou a imagem da maternidade total. Quando a tragédia foi encenada, o cenário da vida real era a guerra do Peloponeso, que já acumulava seus mortos. Toda a peça se centra no sofrimento materno, potencializado na morte dos derradeiros filhos, Polidoro e Polixena o primeiro, traído por quem o deveria salvaguardar; a segunda, reduzida a butim de guerra do inimigo já morto. Assim como as duas guerras a de Troia e a do Peloponeso se espelham, tais [...]