A Casa dos Estudantes do Império (1944-1965) tem sido sobretudo «revisitada» por antigos associados, num exercício de rememoração do passado. No período pós-colonial, foi transformada num espaço de memória, apropriado e reconfigurado tanto por quem combateu a ditadura como pelos que lutaram pelas independências africanas. "Casa dos Estudantes do Império: Dinâmicas Coloniais, Conexões Transnacionais" oferece um outro olhar baseado no conhecimento resultante dos contributos da história e de outras ciências sociais e humanas, assumindo, portanto, a necessidade de questionar as narrativas lineares e celebratórias da Casa. Enquadrando-a no contexto histórico nacional, colonial e internacional, este livro apresenta estudos inéditos sobre aspetos que ainda não tinham sido alvo de análise, como a caracterização sociodemográfica da massa associativa ou o "zoom in" aos sócios goeses. Aprofunda ainda as articulações entre política e produção literária, por um lado, e entre política e atividade desportiva, por outro. Avalia a participação de alguns dos estudantes africanos que se encontraram em Lisboa na circulação global de ideias, textos e práticas contra o colonialismo. O livro inclui ainda três ensaios que concorrem para dar conta da história de associações de estudantes africanos noutras metrópoles imperiais e numa antiga colónia francesa, alargando ainda mais o referencial geográfico e cronológico em estudo. O posfácio aponta novos caminhos de pesquisa capazes de inserir a Casa numa história transnacional dos movimentos estudantis anticoloniais.