As relações são formalmente intermediadas, nas sociedades contemporâneas, por instrumentos, dentre estes o direito, que se apropriou da responsabilidade de dar respostas confirmadoras da simetria entre todos e, portanto, pacificadoras dos conflitos. Ocorre a juridificação, termo usado para designar a propagação do direito e das soluções jurídicas a um número cada vez maior de domínios da vida social e econômica. As relações médico paciente inserem-se neste âmbito, com algumas vantagens para todos, mas também com muitas frustrações; dentre estas, ressaltam a substituição de um vínculo de confiança do paciente com o médico por outro marcado pela desconfiança calculada. Não se pode ignorar, porém, que a juridificação ou a excessiva submissão de aspectos da vida à formalidade da lei apresenta também consequências negativas, na medida em que sujeita a intensa diversidade da existência humana a um padrão único de solução, impedindo, portanto, soluções criativas, não litigiosas, [...]