O Direito enquanto uma criação humana encontra-se a todo o momento com a ideologia e desse encontro cabe uma reflexão filosófica dos contornos e potencialidades do próprio Direito enquanto fenômeno ideológico. A epistemologia jurídica é construída e formada em relação com a ideologia. Um dos desafios apresentados no estudo do direito na atualidade é sua imbricação com as facetas marcantes de uma matriz ideológica cuja perspectiva epistemológica nos coloca de frente para a ideologia de mercado e como a construção do liberalismo e seu desenvolvimento no neoliberalismo traz novos contornos para a realidade jurídica. Desse modo, alguns autores tornaram-se centrais nos textos que compõem esta obra cabendo a Popper e Hayek lugar de destaque. No trajeto de compreender o direito como fenômeno ideológico deparamo-nos com a ideologia do mercado que, com suas leis e ofertas de resultados, se mostra como a melhor possível, não havendo alternativa para qualquer outra possibilidade, já que querer propor algo diferente dos melhores resultados é uma verdadeira utopia. Pelas relações capitalistas de produção configura-se o caminho de uma sociedade que se legitima como a única alternativa possível. Por um lado, então, diante das relações capitalistas de produção sustenta-se que não há alternativas e, por outro, que tais relações são as mais eficientes porque produzem as maiores taxas de crescimento, de modo que seus valores passam a ser considerados os mais corretos e humanos e sua eficácia formal se transforma na ética dominante.