Relampejos do Passado lança luz sobre uma história ainda não inteiramente contada, a dos desaparecidos políticos durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985). O que conduz a autora, e também os leitores, é a luta dos familiares de desaparecidos políticos, que, por um luto digno, organizam-se em associações da sociedade civil, seguem transmitindo a memória de seus entes queridos e de suas experiências, subvertem o terror e o silêncio imposto pelo Estado e reivindicam o esclarecimento das mortes, o reconhecimento dos corpos e o julgamento dos acusados. Em obra concisa mas eloquente, balizada pelas principais discussões públicas acerca do tema – a Lei de Anistia (1979), a abertura da vala de Perus (1990), a Lei dos Mortos e Desaparecidos (1995) e a instalação da Comissão Nacional da Verdade (2012) –, a antropóloga Amanda Brandão Ribeiro, apoiada em sólida bibliografia teórica e – a grande riqueza de seu trabalho – em depoimentos de familiares de desaparecidos colhidos nas audiências da Comissão da Verdade e em entrevistas pessoais, retoma o histórico da organização desse grupo, apontando suas demandas e o modo como estas vêm sendo conduzidas no processo de redemocratização e consolidação da democracia brasileira.