Nas últimas décadas, os avances do agronegócio no sul do Brasil tem provocado um cada vez mais difícil acesso à terra para os coletivos indígenas que desenvolvem uma relação diferenciada com seu território e os seres que o povoam. Lógicas coloniais e etnocidas permeiam a gestão dos territórios e dos corpos indígenas que se veem incorporados num Estado-Nação que por um lado difunde um discurso igualitário e homogêneo, e por outro lhes nega a possibilidade de serem diferentes. A colonialidade, matriz de poder e base da racionalidade moderna, atravessa as relações entre o Estado, o capital e os mundos indígenas e se reproduz em cada relação que os coletivos indígenas desenvolvem com outros e entre si. Os processos coloniais históricos e contemporâneos modificaram o tecido social e as subjetividades indígenas que, diante destes processos, se empenham em reconstruir seus caminhos, transformando e reelaborando cosmologias e mitologias protagonizando seus processos de resistência. [...]