"Tráfico Internacional de Mulheres traz à luz, a perversa trama de relações que configuram um fenômeno que vem sendo objeto de crescente olhar mediático e de denuncia por parte de entidades internacionais de defesa de direitos humanos na sociedade contemporânea, evidenciando a urgência de seu enfrentamento por parte dos governos e instâncias sócio-jurídicas, e, da formulação de estratégias de seu equacionamento prático, através da criação de políticas públicas específicas. Os resultados desse rico estudo estão organizados, neste livro, em quatro capítulos, sendo que o primeiro apresenta a original tese segundo a qual as modalidades contemporâneas de trafico de mulheres apresentam-se como uma nova face das velhas formas de escravidão, que passa pelo crime organizado. Neste capítulo a autora localiza historicamente a prostituição e o tráfico de mulheres, mostrando o quadro de determinantes fundamentais do atual negócio do tráfico de pessoas e especialmente de mulheres, para o mercado sexual. Nesse contexto, a categoria analítica crime organizado emerge como articuladora e explicativa dos fluxos de pessoas agregadas a alguma forma de ilegalidade. O capítulo segundo do livro analisa as atuais configurações do tráfico de mulheres, quer sob o ponto de vista organizacional e funcional, quer no âmbito de sua inserção nas relações sociais e econômicas na sociedade contemporânea, buscando identificar o campo empírico do fenômeno no sentido de compreender a realidade que o condiciona e que está na base da construção de políticas públicas para seu enfrentamento. Neste capítulo, ficam evidentes as alarmantes dimensões do problema nos últimos anos, pois conforme a OIT o tráfico de pessoas está entre as atividades criminosas mais lucrativas dos anos recentes, representando mais de três quartos das pessoas traficadas a cada ano, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. Ainda neste capítulo, são apresentados os mecanismos de funcionamento do tráfico, a caracterização de suas vitimas, seus agentes e as rotas dessa forma de escravização humana. No terceiro capítulo a autora realiza uma consistente avaliação crítica dos aspectos políticos que tutelam o tráfico de pessoas, analisando o quadro legal que vem referenciando a formulação de opções e estratégias de atuação em diversos âmbitos de intervenção, na busca de compreender os mecanismos jurídicos e judiciais para o enfrentamento da questão. Finalizando o livro, com base nos capítulos anteriores, o quarto capítulo retoma a análise inicial do trabalho que aponta o tráfico de mulheres como constitutivo de nova forma de escravidão. O foco é o olhar das vítimas, suas vivências e experiências concretas, seus sofrimentos anunciados, pactuados e naturalizados, o modo como constroem suas opções e suas vidas. As narrativas nos situam diante de sujeitos que se colocam em um lugar social marcado pela mercantilização da vida e pelo desrespeito aos direitos mais elementares do ser humano. "