Este é um trabalho altamente original que combina fontes da história da Inquisição e da história da medicina (assim como muitas outras). Examina a enorme contradição de profissionais médicos treinados durante o Iluminismo português que utilizavam o aparato repressivo da Inquisição para eliminar seus competidores mais rústicos e (na sua maioria) iletrados: os curandeiros populares. Baseia-se em documentação de numerosos arquivos em Lisboa, Évora e Londres. O que está no cerne deste livro - e o distingue - é a análise da equação de interesses envolvidos na perseguição a curandeiros na Inquisição portuguesa. O autor demonstra que, por trás dessas perseguições, havia uma concorrência: de um lado, uma classe emergente de profissionais médicos formados; de outro, praticantes da cura nas comunidades.