Em A cor da demanda, Éle Semog lança seu olhar afiado como lâmina em brasa sobre as realidades que ora nos afligem, ora nos enternecem. Seus poemas traduzem com uma sinceridade emocionante, e sem concessões, as conexões que o poeta traça com os urbanos, Com as mulheres, com o romance, com as crianças, com o machismo e com o racismo esta chaga que constitui e conduz as nossas sociabilidades. A cor da demanda é poesia pura, organismo vivo, boêmia e labor e, também, história reexistida como bem idealizaram os escritores que, com Semog, no final da década de 1970 pensaram e escreveram o que se entende por literatura negro-brasileira. Nesta reexistência, a demanda é pelo estado de alerta para o que das negritudes vem sendo sequestrado, como dito no poema Na boca do povo, Dizem de mim infernos. Só não falam de mim, o céu que me querem tomar.