Ficção, ensaio, poema em prosa: O filantropo participa um pouco de todos esses gêneros. São textos que tematizam atitudes éticas e restauram na literatura a capacidade de surpreender.A mescla e dissolução de gêneros, tema forte do modernismo, é a corrente subterrânea que atravessa as trinta e oito narrativas deste livro surpreendente. Nele, Rodrigo Naves coloca em cena uma dicção estranha e única, um narrador que pode ser muitos ou um único, que se transforma, se disfarça e ganha complexidade a cada página. Escrito em 1998, O filantropo segue desafiando e contrariando esquemas e expectativas ao apresentar fragmentos e episódios que se sucedem, como se fossem objetos, um após o outro — “ver é experimentar o que não temos, embora à nossa frente”, diz o personagem de uma das histórias, numa frase que é todo um programa narrativo e estético. Entre a ficção e o ensaio breve, o poema em prosa e a fábula, este livro fixa-se cada vez mais como uma obra incontornável da literatura brasileira contemporânea.