Lavar as mãos sucessivas vezes, e com sabonetes novos a cada vez, como o personagem Melvin Udall, de Jack Nicholson, no filme Melhor é impossível. Voltar várias vezes para conferir se ligou o alarme do carro. Pegar-se invadido por pensamentos repetitivos e perturbadores. Estes são alguns dos suplícios pelos quais pode passar uma pessoa que sofre de TOC, Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Vítima da doença, a poeta Joanne Limburg quis dividir sua experiência e falar sobre essa patologia pouco abordada na literatura em A mulher que pensava demais: memórias de uma compulsiva. O autorretrato sem pudor de uma mente atormentada, escrito com verdade, humor e lirismo. Dolorosamente honesto e sem quaisquer pretensões de despertar comiseração no leitor, o título trata da mais íntima e destrutiva guerra civil: a luta contra os pensamentos obsessivos e os consequentes comportamentos impulsivos que consomem o corpo, a alma e a dignidade do ser humano. Qual é, afinal, o ponto de virada entre o que se pensa como excentricidade e o que, na verdade, corresponde a uma invasão de pensamentos corrosivos?