Cada texto desta coletânea é uma espécie de desafio. Diferente do pesquisador-observador, que olha de longe seu objeto e busca para ele um melhor enquadramento; tomado pelo feminino, não há outra possibilidade para o escritor senão a escrita de si. De modo geral, ao circunscrever um conceito, forjamos nele um tempo estático e morto, e assim perdemos aquilo que só se observa no que vive e se movimenta. O feminino e a fugacidade do repertório teórico que o acompanha (diferente das certezas fixas do masculino/patriarcal/universal) propõe uma outra ética com o saber, com o mundo e com o outro. A perspectiva do feminino é a própria experiência de deixar ser visto pela alteridade e continuar vivendo com a impossibilidade de saber tudo sobre ela. Esta publicação nasceu dos movimentos político-feministas que mobilizam nosso país nos anos recentes. Aqui pensamos a respeito do feminino, para além do conceito de gênero, como forma de lidar com a incompletude, uma (...)