Algumas pessoas compartilham agasalhos, alimentos, amizade, Daniela e eu compartilhamos palavras. Quando conheci as palavras emendadas com verbos e predicados que Daniela produzia, estiquei meu dia de 24 horas e prestei mais atenção nas coisas de Minas. Dos seus textos brotavam olhos dáguas saborosos, carregados de veios de carvão, minério e diamante. Igrejas, também. Do Rosário, do Ó, do Bonfim. A poesia da Daniela são cortinas abanadas pelo vento na alma de Minas revelando o que desconhecemos: mistérios, tulipas colhidas nas nuvens, manjericão picado na carne récem temperada, que provoca regalos em nossas cozinhas essa sala de visita que resignificamos no interior das Gerais. Se possível, quando se deparar com seu belo texto, esteja do lado de uma xícara de café com rapadura, quitandas coloridas com gemas de ovo caipira e um luz fraca e persistente. A poesia da Daniela se encarregará de colorir a alma das alegorias da vida.