A presente obra divide-se em três capítulos; no primeiro, discorre-se sobre as contextualizações históricas de Locke e de Rousseau, passando-se em revista os Séculos XVII e XVIII, em seus vários aspectos, assim como nele se faz uma descrição acerca das biografias e das personalidades desses dois autores; no segundo, incumbe-se de abordar os pensamentos lockeano e rousseauniano como um todo, ressaltando-se as principais categorias pelas quais esses dois filósofos estruturam e articulam as suas ideias acerca do conhecimento, da política, da religião e da tolerância; no terceiro, abordam-se algumas categorias pedagógicas desses pensamentos, as quais, comparadas entre si, têm o intuito de aclarar as convergências entre os seus dois autores, ao mesmo tempo em que se procura ressaltar a influência que Rousseau recebe de Locke, em se tratando, sobretudo, de constituir o seu pensamento pedagógico; ainda, nesse último capítulo, são explicitadas as visões de mundo e de ser humano nas quais esses pensadores enquadrar-se-iam, assim como são tratadas outras categorias que permitem vincular os seus pensamentos não apenas entre si, mas sim às classes sociais para as quais suas obras constituem significado. Apesar de Locke e Rousseau terem sido autores cujas ideias têm sido apropriadas de modo a servir os interesses do pensamento ideológico das classes dominantes (nobreza e burguesia), isso não significa que se deva desqualificá-los por completo, uma vez que, em tese, não serviriam aos propósitos pedagógicos para a educação das classes dominadas; ao contrário de tal afirmação, o motivo pelo qual se faz aqui uma defesa da habilitação desses dois filósofos para se discutir problemas teóricos e práticos da pedagogia na atualidade repousa no fato de que ambos estão, cada qual a seu modo, extremamente interessados em direcionar a educação para se formar um ser humano virtuoso, ou seja, um cidadão que, por sua vez, viva em um regime democrático. Educar para a virtude, para a cidadania e para a democracia é, portanto, um apanágio de todos e quaisquer seres humanos que estejam dispostos a viver segundo os ideais de liberdade, de igualdade e de fraternidade, consagrados pela moderna civilização ocidental. Igualmente, espera-se que a leitura deste livro contribua para a percepção de que as propostas pedagógicas de Locke e Rousseau ainda têm muito a dizer aos educadores hodiernos, os quais encontrarão neles elementos que possibilitem educar no sentido de atualizar as potencialidades dos seus educandos como seres humanos, a fim de que vivam em harmonia com a natureza e consigo mesmos, numa dimensão holística.