O que mais se destaca neste estranho livro é o emprego de uma linguagem aparentemente simples, transparente como a água que bebemos, a conviver num contexto de prosa e poesia. As tramas e os enredos sutilmente tecidos mal aparecem.No entanto, quando emergem à superfície de nossa mente, logo se esboroam numa teia de sugestões que falam mais pelo silêncio meditativo que pela força nua do poder da construção verbal. Grãos não sugere, apenas, a força misteriosa das palavras, mas também a possibilidade de germinar em nosso íntimo novos seres, assim como ocorre com as sementes que, guardadas sob o signo da multiplicação, frutificam.