"Um escritor conhecido por ser desconhecido": assim descrevia a si mesmo Sigismund Krzyzanowski (1887-1950), um dos mais singulares prosadores da literatura russa do século XX. O trocadilho tem um quê de profético - juntamente com dezenas de outros autores de sua geração, perseguidos, mortos ou boicotados pelo regime, sua obra passou décadas relegada à obscuridade. Com a glásnost dos anos 1980, que sacudiu a vida cultural soviética, Krzyzanowski obteve seu devido reconhecimento, sendo publicado com êxito em seu país e no exterior. Nos seis contos reunidos neste O marcador de página, Krzyzanowski mescla com maestria múltiplas influências - Shakespeare e a novela gótica alemã, o simbolismo russo e a filosofia de Kant -, criando narrativas que vão agilmente do grotesco ao lírico, do absurdo ao sentimental: o líquido misterioso que pode expandir a metragem de um minúsculo apartamento moscovita; o inventor que descobre que a raiva humana produz o melhor combustível possível; o morto que se atrasa para seu próprio enterro; o homem obcecado por morder seu cotovelo. Em comum a todas essas histórias, uma crítica ora velada, ora aberta à modernidade, respaldada por um estilo peculiar, muitas vezes comparado ao de Borges e de Kafka.Comparado hoje a Swift, Kafka, Borges e Beckett, Sigismund Krzyzanowski (1887-1950) nao publicou nenhum livro em vida, e teve a obra descoberta somente trinta anos apos sua morte. A razao disso foi que este grande escritor viveu sob um dos regimes mais severos da historia, a Uniao Sovietica stalinista, e sua literatura, surpreendente e inclassificavel, fugia completamente dos canones do realismo socialista. O marcador de pagina reune seis contos deste autor cada vez mais cultuado no Ocidente, traduzidos diretamente do russo por Maria Aparecida B. P. Soares.Comparado hoje a Swift, Kafka, Borges e Beckett, Sigismund Krzyzanowski (1887-1950) nao publicou nenhum livro em vida, e teve a obra descoberta somente trinta anos apos sua morte. A razao disso foi que este grande escritor viveu sob um dos regimes mais severos da historia, a Uniao Sovietica stalinista, e sua literatura, surpreendente e inclassificavel, fugia completamente dos canones do realismo socialista. O marcador de pagina reune seis contos deste autor cada vez mais cultuado no Ocidente, traduzidos diretamente do russo por Maria Aparecida B. P. Soares.