Considerando principalmente que os profissionais do Direito utilizam a língua como instrumento de comunicação, este livro focaliza temas lingüísticos relativos às estratégias de produção do sentido, quer quanto à decodificação de textos, quer quanto à elaboração de peças ou documentos forenses. Difere, pois, dos manuais da área que se apóiam no estudo de normas gramaticais nem sempre defensáveis cientificamente, que podem levar a preconceitos lingüísticos, estabelecendo a variante padrão da língua como a melhor e estigmatizando todas as outras. Ao ocupar-se do sentido, abandona concepções tradicionais de que o estudo da língua deve focalizar questões de certo e errado e que escrever bem é escrever segundo uma forma eleita como correta. O texto parte da perspectiva de que para profissionais de Direito é relevante o conhecimento do funcionamento da linguagem que situa o texto no contexto sócio-histórico, e mostra como o sentido se forma dentro de uma sociedade e como não está imune à ideologia de seu tempo. Examina, dessa forma, questões como a ilusória autoria do discurso, a formação discursiva, o diálogo que um texto estabelece com outros textos e com outros discursos