Com base em numerosos documentos e cartas inéditas e no testemunho de colaboradores e familiares de Egas Moniz, João Lobo Antunes apresenta a primeira biografia de uma das mais fascinantes personalidades médicas do século XX. O médico português fez contribuições científicas fundamentais para a medicina: a angiografia, uma técnica que permite a visualização dos vasos cerebrais, e a psicocirurgia, o primeiro tratamento cirúrgico de certas doenças psiquiátricas. António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz nasceu em 1874 em Avanca, Portugal, e formou-se na Universidade de Coimbra. Sua tese, intitulada A vida sexual, tornou-se um sucesso de vendas. Em 1911, transferiu-se para a Universidade de Lisboa como professor de neurologia. Até 1919 foi um político ativo, foi ministro dos Negócios Estrangeiros no governo de Sidónio Pais e chefiou a delegação portuguesa na Conferência de Versalhes no final da Primeira Guerra Mundial. A biografia contribui para revelar a instigante história deste importante personagem que foi político, diplomata, homem das letras e do mundo, clínico de sucesso e cientista improvável, além de ter sido o único Prêmio Nobel português (Egas Moniz recebeu o Nobel de Medicina em 1949) até Saramago. “Egas não era um santo: sua ambição era avassaladora e sua vaidade, que em vão procurou ocultar atrás de uma falsa modéstia, quase pueril, era imensa. Sua vida, que teve de tudo, incluindo, como veremos, sexo (escrito) e violência (que o ia matando), constitui um romance fascinante. Esta é a história que procurarei contar, arrumando-a não de uma forma cronológica perfeita, mas dando-lhe antes um arranjo temático, definindo as etapas mais marcantes de um percurso que foi longo e muito rico em acidentes”, afirma o autor.