O leitor tem em mãos um necessário livro sobre o porvir de dois dos mais destacados e simbólicos movimentos sociais latino-americanos: os zapatistas e o MST. Escrito por um intelectual que dialoga há muitos anos com a formação educacional e política dos movimentos de trabalhadores do campo, a obra discute métodos, concepções e estratégias de lutas protagonizadas pelos referidos movimentos, particularizando potencialidades e contradições das Ações Diretas na Educação – seja no âmbito do Estado (escolas, universidades), seja como processo auto-organizado de formação nos “caracoles” zapatistas e nas experiências do MST. Recusa a tese de que as lutas e as alternativas possam ser investigadas de modo dissociado do processo do capital que, com sua força totalizadora, impossibilita a formação de nichos de resistências autossuficientes e autônomos, ilhas emancipadas em oceanos de mercantilização da vida. Compreende o capital como relação social, marcada por expropriações e formas de exploração reconfiguradas pelo desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo e, dialeticamente, pelas lutas de classes, elaboração que o autor busca em Marx, Engels e Mariátegui e incorporada como chave interpretativa decisiva da pesquisa, situando os conflitos socioambientais e pelos territórios como particularidade capitalista e dimensão da luta de classes e dos confrontos anticapitalistas.