"Este livro resulta numa coletânea de ensaios e relatos de experiências que compartilham distintas representações da natureza delineado, sobretudo, o imaginário, como também, a novas formas urgentes de reintegrar-se a natureza numa atitude valorativa. Tangencia ações, concepções teórico-metodológicas e observações empíricas do modo como algumas comunidades integram-se natureza. Ainda hoje, são incertos as consequências da tradição filosófica-ocidental que interpretou o homem como algo dissociado da natureza, com possibilidades de dominá-la ao infinito. Ao longo da modernidade, com o avanço da sociedade urbana e industrial, tal processo de distanciamento e dominação não apenas se intensificou, como acabou por gerar quase uma ruptura completa no pensamento, convencionando dividir e mesmo opor a realidade em sociedade x natureza. Esta cisão acarretou também uma fratura no imaginário coletivo: a ideologia do progresso linear e finalista preconizou não apenas o domínio da natureza, mas um longo esquecimento: somos consequência da natureza e dela interdependemos. Esse esquecimento, junto com aquele dos saberes tradicionais, do saber da arte, da religião, do mito trouxeram consequências drásticas que resultam nos problemas sócio-ambientais que vivemos no final do séc. XX e início do séc. XXI. O esquecimento e a negligencia de todos esses elementos em favor de uma racionalidade técnica e científica, nos colocou diante de um grave fato: o que parecia infinito, apresenta, então, seus limites - a capacidade de esgotamento dos recursos e para agravar, contrasta com esse fato: a exacerbação da sociedade de consumo.