Lembro-me muito bem o quanto foi revolucionário a chegada do liquidificador, um dos avanços do século passado. Simples tecnologia que só trouxe vantagens para o dia a dia culinário. Primeiramente, as donas de casa deixaram de fazer tarefas árduas, como raspar coco, tirar peles de feijão, aproveitando-se daquele aparelhinho que, até hoje, continua barulhento, mas eficaz. E, em segundo lugar, o benefício à saúde – o surgimento da vitamina, pondo por terra mitos que não se poderia misturar o leite com frutas, sobretudo abacaxi e banana. (Capítulo I). O ensino da minha época era, realmente, o caminho certo para se galgar, a cada geração, degraus socioeconômicos, engrossando uma classe média competente e capaz de crescer por suas próprias pernas. Esta visão era fundamental para se formar uma sociedade mais justa, com oportunidades para os mais pobres, possibilitando-lhes vencer a barreira do determinismo – só os de posse poderiam ser “doutores”. (Capítulo IV) Os novos paradigmas priorizam o culto ao corpo, incluindo os penduricalhos (brincos, piercings e tatuagens de mau gosto), sem a preocupação que, no futuro, essa “aquarela corporal” possa ser prejudicial. Também a devoção a uma música de má qualidade consonante às chamadas baladas e bailes funks. (Capítulo VII) Muitas mulheres passaram a bater recordes matrimoniais, a exemplo de uma grande atriz que, num dado momento, sua casa era habitada por ela e seu novo marido e vários filhos, numa salada consanguínea: dela com outros maridos; dele, com outras esposas; e deles dois.(Capítulo VIII). O novo milênio consolidou os avanços tecnológicos na agricultura, tornando o país um celeiro do mundo, facultando-lhe uma fonte de divisas extraordinária. Isso aconteceu com a incorporação dos cerrados na matriz produtiva dos cultivos alimentícios. (Capítulo XII).Então, depois dessa comparação entre os dois séculos à luz da minha trajetória de vida em ambos, fica difícil eleger aquele que mais se identificou comigo ou que melhor me pr