Meu país é um corpo que dói é um livro que emerge de um sofrimento coletivo. Não é exagero dizer que viver no Brasil desde 2018 tem sido viver sob o signo da luta e da sobrevivência. Há tempos que, como nação, já tínhamos perdido esta consciência, se um dia a tivemos: a dor coletiva também é pessoal. Claudete Daflon nos traz essa verdade inscrita no corpo, objeto de violências sociais, políticas e religiosas, mas também sujeito de atos de indignações, resistências e ressignificações. O corpo é sempre reativo, e a escrita também. Escrever é, para Claudete, um posicionamento diante da nossa realidade e história. Um posicionamento que busca a perspectiva decolonial, com pensadores latino-americanos, como Aníbal Quijano, Diamela Eltit e Rita Segato, mas também dialoga com europeus, como Hannah Arendt e Philippe Descola, para olhar criticamente a grande sombra deixada pela modernidade ocidental: a colonização, as suas sequelas, os seus desdobramentos perversos nas mentalidades [...]