Em Deus, entre outros inconvenientes, o filósofo e professor da Universidade de Harvard Xavier Rubert de Ventós exerce um contrapeso aos dogmas contemporâneos, tratados como acima de qualquer suspeita e reproduzidos à exaustão. Munido de vasto repertório histórico e filosófico, o autor argumenta com desenvoltura, lançando mão da filosofia ocidental e de uma boa dose de acidez para questionar verdades sociais absolutas. A começar pela maior delas: a existência de Deus. A ironia expressa no título dá o tom ao estilo adotado pelo autor catalão. Na introdução, Ventós deixa claro que seu intuito é questionar lugares-comuns e mexer com ilusões. O excesso de unanimidade sempre me pareceu um pouco suspeito, quando não temível. Todo consenso demasiadamente geral costuma ser o prólogo que anuncia (ou o epílogo que legitima) algum tipo de linchamento, físico ou moral.